Por Clarisse Gomes – Sócia de inovação na Deloitte e pesquisadora em ecossistemas de inovação na USP e Polimi
Ao reunir um grupo diverso de participantes, os ecossistemas inovadores, como é o caso dos distritos, têm a possibilidade única de propor novas abordagens para as missões mais urgentes e relevantes do nosso tempo. Essas missões – sejam elas econômicas, sociais ou ambientais, são desafios complexos que não podem ser resolvidos por um único ator isoladamente, seja a indústria, o governo, a academia ou a sociedade civil.
Ao observar exemplos ao redor do mundo – e também no Brasil, podemos ver ecossistemas posicionados estrategicamente em prol de missões como a promoção de economias regenerativas, democratização das soluções de saúde e inclusão financeira. Esses ecossistemas, ao envolverem uma diversidade de atores e especialidades, criam valor de formas variadas e complementares. Seja no fortalecimento de startups de base científica (deeptechs), na orquestração de projetos interdisciplinares ou no estabelecimento de políticas e diretrizes de cooperação, eles buscam impactar positivamente os setores em que atuam. Cada uma dessas redes representa um esforço coletivo para impulsionar soluções mais sustentáveis, inclusivas e orientadas para o bem comum.
Neste contexto, os distritos de inovação tem um papel importante, não só no fortalecimento de redes que inovam colaborativamente mas no desenvolvimento de potencialidades locais. Eles atuam como catalisadores de novas dinâmicas para o uso e ocupação de espaços urbanos. É uma oportunidade para repensar de que forma os ambientes físicos promovem (ou não) os encontros e trocas entre indivíduos e organizações. No entanto, é importante considerar que a colaboração não pode ser tomada como garantida em um ecossistema de inovação. Os melhores ecossistemas são criados e recriados intencionalmente. Há um propósito, uma estratégia por trás e uma governança para garantir que aquela rede funcione bem em conjunto. É preciso considerar que esses ambientes reúnem diferentes lógicas, experiências e vivências que, eventualmente, se colidem. Embora essa diversidade seja um terreno fértil para o surgimento de ideias e para a geração de “fagulhas” criativas, ela também pode intensificar paradoxos e tensões que precisam ser gerenciados.
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